CATEDRAL SANTA TERESA

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27/07/2024

Vidas esquecidas...

"Como cristãos e à luz da Palavra, não podemos pactuar com atitudes egoístas, que levam ao descarte e à solidão, mas precisamos apontar caminhos que fovoreçam o cuidado e o amor pela vida, em todas as etapas da nossa peregrinação terrena"

Vidas esquecidas...

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Neste último domingo do mês de julho, celebramos o 4º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. E o fazemos com o coração agradecido, manifestando a nossa gratidão a eles pelo testemunho de fé e perseverança, nas famílias e nas comunidades da nossa Diocese. Vocês, queridos avós e idosos, são o testemunho vivo da história, da coragem, da perseverança e da superação dos desafios, na construção de uma sociedade que hoje recolhe os benefícios da sua dedicação, pelo trabalho árduo feito com amor, cansaço e empenho. Vocês testemunham no presente os valores da vida familiar, pois souberam, à luz do amor e da fé, superar os conflitos por um ideal maior: a família, sua unidade e seus valores. Vocês nos enchem de esperança em relação ao futuro, porque nos transmitem a confiança de que os problemas e os conflitos fazem parte da vida, mas não são maiores do que a vida. Eles vêm e vão, mas a vida segue seu caminho, e cada um de nós continua escrevendo a sua história de amor, com Deus e com os irmãos, através dos laços afetivos, de sorrisos e abraços, na família e na comunidade.

Na vida, sempre podemos aprender com os nossos avós, mestres formados na escola do tempo, que guardam na memória a história da vida, da família e da comunidade. Em todas as nossas comunidades a presença dos idosos é marcante, fruto da nova realidade da nossa sociedade brasileira. Por isso, é importante ter presente que eles são testemunhas da história e herdeiros privilegiados do tesouro religioso e cultural da comunidade. Mas a família, a comunidade e a sociedade também têm uma missão, a de cuidar para que os nossos avós e idosos não fiquem relegados à solidão e ao abandono, ou percam o contato com a vida espiritual e social na comunidade. Para muitos idosos a comunidade local representa uma nova família, em que são acolhidos, valorizados e cuidados, principalmente pelas pessoas envolvidas na Pastoral da Pessoa Idosa e por aqueles que os visitam em suas casas, levando conforto humano e espiritual, alimentando-os com o pão da Palavra e o pão da Eucaristia. 

Na sua mensagem para o 4º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, o Papa Francisco menciona a “solidão e o descarte” como elementos frequentes no contexto da sociedade atual, em relação aos idosos em geral. Sinal de que, “cada vez mais, estamos perdendo o gosto de partilhar a vida, em família e na comunidade”. Numa sociedade em que o consumo e o descarte andam de mãos dadas, às vezes, cuidar de quem já percorreu a passos largos um longo caminho, e agora anda a passos lentos, pode nos causar um certo desconforto, ao termos que nos ocupar de quem traz consigo uma longa história de vida, embora nem sempre consiga expressá-la, pelos lapsos da memória. Como cristãos e à luz da Palavra de Deus, não podemos pactuar com atitudes egoístas, que levam ao descarte e à solidão, mas precisamos apontar caminhos que fovoreçam o cuidado e o amor pela vida, em todas as etapas da nossa peregrinação terrena.

 

+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul

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